14 a 19 de agosto de 2018

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Alguns -
ou seja nem todos.
Nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.
Sem contar a escola onde é obrigatório
e os próprios poetas
seriam talvez uns dois em mil.


Gostam -
mas também se gosta de canja de galinha,
gosta-se de galanteios e da cor azul,
gosta-se de um xale velho,
gosta-se de fazer o que se tem vontade
gosta-se de afagar um cão.


De poesia -
mas o que é isso, poesia.
Muita resposta vaga
já foi dada a essa pergunta.
Pois eu não sei e não sei e me agarro a isso
como uma tábua de salvação.

"Alguns gostam de poesia" - Wisława Szymborska

Alguns gostam de poesia, outros nunca leram um poema. De uma maneira ou de outra, a poesia é forte e resiste. Sua potência é majestosa. Um primeiro verso, com poucas palavras, pode dizer o mundo, o segundo, por sua vez, desdiz tudo, embaralha a cabeça de qualquer leitor. A poesia, quando vamos ao seu cerne, talvez exista mais para ser sentida do que compreendida. E é justamente essa a proposta da curadoria de Literatura do Balaio de Arte e Cultura para este ano: fazer sentir a Esperança a partir da palavra.

Imersos a uma realidade que nem sempre nos encoraja, principalmente nos dias atuais, por que não buscar na poesia o fôlego, o olhar que transforma, a "tábua de salvação"? Tendo como elemento norteador o poder ilustrativo da linguagem escrita, a artista Lúcia Tredezini dá vida à poesia para além do verbo. Tal movimento é proposto por meio do conceito de livro-objeto, o qual tem como finalidade viabilizar o trânsito do livro para um outro lugar de apreciação. Quebram-se as paredes das páginas para ofertar ao público uma reeleitura do que ali estava escrito. Ana Paula Mathias de Paiva, doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, define-o como "todo objeto de transfiguração da leitura que materialize o sensório, o plástico e estabeleça uma nova emoção com o leitor - informando, estimulando, intrigando, comovendo e entretendo".

A poesia escolhida por Tredezini para se tornar seu livro-objeto é a coletânea de poemas da escritora patense Regina Maria, denominada Azul. O conteúdo metafórico e bastante reflexivo da obra atribui ao desafio ares instigantes e charmosos. Azul tem como guia uma voz poética que experimenta com os cinco sentidos o mundo ao seu redor. Essas experiências carregam consigo uma intimidade com a vida, um misto de percepções. Entre indagações sobre o amor, sobre os nossos vazios, sobre a própria escrita, o silêncio se torna música e a palavra enraíza as lembranças:

Ah, minha linda saudade
Carrego-te como menino de colo
Embalo-te com sorriso suave
Pois brinca de esconde-esconde
És dona de mim quase inteira
Curvo-me senhora
Diante de ti.

Com delicadeza e vigor, Tredezini costura as sensações provocadas pela leitura de Azul em tecidos libertários, desprendidos. Essa junção entre poesia e artes visuais se materializará em uma exposição cuidadosamente pensada para levar ao público essas mesmas sensações, além de agregar ainda mais riqueza ao espaço do Balaio 2018.

Camila Dias

Curadora de literatura

Av. Getúlio Vargas

Patos de Minas - MG

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